quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Tantos em uma só

Ninguém É um momento, ninguém É uma profissão, ninguém É um defeito, ninguém É um rótulo, ninguém É uma imagem, ninguém É. Todos nós estamos. Já estive criança, já estive triste, já estive feia, já estive sã, já estive engraçada, já estive grossa, já estive amável, já estive servindo de sonífero, já estive atraente, já estive neta, já estive efusiva, já estive ridícula, já estive interessante, já estive expressando milhares de traços da minha personalidade curiosa dentro e fora de mim. É bobeira julgar todo e qualquer ser humano por momentos. Na real, é bobeira julgar. Em cada ser humano existe um universo totalmente diferente dos demais. Todos nós vivemos vidas diferentes, vemos o mundo de uma maneira diferente. Cada um de nós apresenta um jeito singular de apresentar-se a humanidade. Nunca me preocupei em desvendar o lado que eu mostro para o mundo e o lado que eu escondo dele. Eu gosto de estar dentro de mim, mas não é sempre que como num grito o mundo não me acorda para respirar a beleza do que está fora do meu corpo de garota.
Arranco de mim metade de uma multidão fria e arrisco-me a aprender como devo agir para me ver no outro sem diferenças. Meu foco está no Amor. Tudo que for amor deve ser explorado sem frescura, porque Deus é amor.
É difícil falar de amor para uma sociedade que cada vez evolui negativamente em relação a este sentimento que sempre existiu. É difícil falar do que é bom para um mundo cada vez mais mau e cheio de sí. Em cada canto existe gente nascendo e morrendo sem amor, e muitas dessas pessoas mal sabem que Alguém nasceu e morreu para mostrar o que é amor de verdade. Um soberano fez-se abrigo amigo e desenhista de destinos inacreditáveis. Nunca houve limites para estarmos. Só existe limites para sermos. Metamorfoses crescentes, talvez seja essa a única definição que temos.
Julgamos pessoas como se nós mesmos tivessemos as criado. Cada vez que apontarmos nossos dedos que nada sabem sobre ninguém -arrisco dizer que nem sobre nós mesmos- devemos ir direto a um espelho largo e nítido para percebermos que todos nós somos iguais, que não devemos julgar ninguém, nem a nós mesmos. Às vezes vomitamos atitudes lamentáveis, devemos sim reconhece-las como ruins se não tiverem amor no sobrenome. Porém julga-las é impossível. Nossas personalidades são como um quebra cabeça de milhares de pecinhas formadas por ondas e ondas de fatores que talvez nem estejam em nossas lembranças. Apenas o Criador das nossas almas pode explicar porque agimos de maneiras misteriosas. Não falo de um Deus que muitos de nós pintou como alguém que julga como homem, não como um Deus. Quem somos nós para abrir a boca e dizer que alguém está errado em estar de alguma maneira?
Nada. Ninguém. Menos que poeiras cósmicas.
Permita-se a sentir mais e abrir menos a boca quando criticar toda e qualquer maneira de amar.
Permita-se a parar de vibrar com idas do homem à lua e chorar com quem sente frio, fome e falta de calor humano.
Permita-se a entrar em contato íntimo com Aquele que deu cheiro as flores, cor aos seus olhos e sabor as frutas.
O único ser que É chama-se Cristo. Ele nunca deixará de ser amor.
Nesse aspecto, permita-se a estar sendo melhor,
seja amante do amor.
Seja livremente preso por vontade ao Bem.






segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Abrindo os olhos

Nossos corpos parecem completos, cheios de informações e linguagens que muitas vezes não dominamos.
Ouvidos não possuem pálpebras, você não pode escolher entre não ouvir o que se passa ao redor.
Os olhos possuem toldos que piscam sem parar, parecem nos lembrar que temos a opção de fechar os olhos fundos e esquecer das imagens que nos complementam.
Olhar não significa ver, e às vezes, para enxergar, é preciso um certo olhar difuso, vago, afim de entender.
Muitas vezes escutamos o questionamento:
"Não é injusto um bebê nascer deficiente?"
A resposta sonda a ponta da minha língua com velocidade.
Injusto é o nosso olhar. Injusto é a gente pensar que o corpo é alguma grande evolução. A deficiência está nos nossos olhos, não em quem tem algum tipo de diferença superficial.
Deveriamos nos questionar a respeito da alma, das ações, do quão pequenos somos. Não deveriamos nos revoltar contra os Céus e dizer o quão triste é alguém não ser "perfeito" no externo.
Pior do que essa frase é aquela:
"Não é injusto uns nascerem pobres e outros não?"
Óbvio que é injusto, mas quem criou esse ninho de injustiças?
Quem fez parecer que ter certas matérias é um tipo de marketing pessoal?
Quais seres parecem acordar cada vez mais individualistas e pobres de espírito?
Nós.
Como eu sonho com o dia que todos nós conseguiremos entender que o corpo não é absolutamente nada quando temos um espírito para evoluir.
Não em outras vidas, particularmente não acredito nas mesmas. Acho isso tudo uma grande fuga para não viverem o aqui e o agora e mais uma das manias de encontrarem respostas para o que não possui.
Um profundo mergulho no interno faria cada um de nós conseguir compreender que no simples estão as grandes respostas da humanidade.
A chave do mundo está em um Menino Deus que nasceu para nos ensinar a multiplicar alegrias e dividir tristezas. Sentir o outro, exercitar a imaginação em se perceber o mesmo ser humano ao observar olhos tristes e sorrisos abertos.
É nos seus olhos que eu quero encontrar a minha própria alma, não importa quem seja ou o que faça.
Tudo o que eu quero é amar cada pessoa que nascer entre essa nossa gaiola de loucos.
Se cada um de nós quiser o mesmo, não será apenas fantasia a idéia de um mundo gostoso de acordar.
Todo ano vem com a opção de um novo nascimento.
Que esse novo ano que se aproxima possa nos fazer nascer novamente. Espero que amar cada ser humano que entrar e não entrar em nossas vidas como se fossem nós mesmos, seja o grande objetivo da humanidade. Mesmo dentro de um Sistema porco e plástico, eu acredito que cada alma que aproximar seu coração do Criador, conseguirá melhorar e muito essa humanidade especial e ao mesmo tempo decadente.
Aproveitem os últimos dias de dois mil e nove, mais um ano que não volta mais.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Dezembro


As ruas parecem formigueiros, não se fala em outra coisa a não ser presentes. Shoppings enfeitados enquanto a cidade se ilumina de estômagos vazios.
Dinheiro, propagandas, fitas, papai noel, presentes, músicas e cartões prontos.
A irônia parece explodir entre as bolas vermelhas das árvores comerciais.
Amanhã milhares de rostos pela cidade irão negar o sorriso do Aniversariante com deboche enquanto comem ceias rodeadas por parentes distantes e presentes caros quando marcar 00:00 horas.
Amanhã crianças vão andar pelas ruas sem presentes, imaginando que o sentido do natal é justamente ganhar coisas.
Amanhã alguns asilos e orfanatos vão transmitir dor entre olhos sem luz.
Amanhã familiares distantes que só aparecem em velórios e casamentos chegarão na sua casa com sorrisos largos e frases prontas.
Ainda dá tempo de fazer este natal valer a data.
Ainda dá tempo de provocar um sorriso do Menino que é muito mais que um bebê do presépio da sua sala. O Menino cresceu para nos ensinar o Amor.

Ame.





















segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Entre paredes


Trato a mente assim como meus ossos crescem.
Sei que não sou mais menina, mas tenho certeza que não sou mulher o tempo todo.
Observo minhas antigas mãos pequeninas e noto que já não são mais tão pequeninas assim.
Roupas que não cabem mais vestem meus rabiscos mais tardios.
Meu peito acorda uma canção de ninar tão noturna quanto os meus olhos aflitos.
Guardo em malas a minha vontade de voar, pois um dia precisarei das asas molhadas de chuva.
Solto ao vento cada objeto que me remete a lembrança das grades cor-de-grito.
Uma metamorfose apertada na cintura fina, repleta de botões que ligam meu passado ao presente com força uterina.
Cada noite vem com a possibilidade de não abrir o sol. Respeito como ninguém o adormecer e a glória de uma manhã que parece despencar mistério entre as janelas de cada parede.
Ah, como gosto dessa minha mania de ser quem eu sou.
Não que eu seja alguém interessante por demais, longe disso. Algo me faz sorrir quando percebo que se eu não fosse eu, seria um estranho. Alguém que jamais veria a vida com os meus olhos. Poderia ser feliz com menos ou mais facilidade, mas a verdade revela que almas não entram em histórias erradas. Gosto mesmo é dos obstáculos que me fazem crescer.
Arrisque sorrir.

sábado, 28 de novembro de 2009

Lanterna


Não há átomo no cosmo que, ao pressentir a passagem obscura, não fique tomado de espanto pelo pensamento submerso no sereno lunar.
Mais um manto negro aterrisa entre bravas nuvens claras. Enche as mãos de brasas acesas, e
espalha-as sobre a cidade. Sobre os prédios viventes, alí está a minha ímpar curiosidade.
Músicas que parecem sair para dançar começam a denunciar os meios de se existir dentro daquelas janelinhas tão pequenas. Músicas que anseiam. Músicas que afagam. Músicas que chicoteiam. Músicas que apagam. Pelas cortinas talvez existam corações infantis aos pulos, arranhões nos cotovelos da morena de vestido amarelo, sorriso exagerado em um desejo triste de um jornalista hipocondríaco. Uma nostalgia confusa no olhar da loira que acabou de fazer quarenta e nove anos. Quem sabe por alí brotem problemas que você muitas vezes poderia calar por ouvir. Quem sabe por ai não hajam mortes para evitar. Quem sabe logo aqui não existam vidas para afagar.
Ali, logo no asfalto. Vocês não estão vendo? não?
Eu mostro. Existe uma velhinha sentindo frio. Do outro lado na esquina, olha lá! basta olhar bem... existe um andarilho faminto, cheio de vontade de encontrar um lar. Será que todos nós não nascemos com a origem do bem?
Bem, na realidade não. Fiz dela o meu sobrenome assim que notei a escuridão que havia em mim antes de encontrar a Luz matinal.
Você já foi a um orfanato?
Você já foi a um asilo?
Se foi, será que alguma vez você já se importou em entrar com um sorriso e vontade de dar um abraço sincero?
Quantas pessoas sorririam se você quisesse dar o mínimo de . Ainda dá tempo do dia abrir amanhã.
Mas e o seu vizinho?! é, aquele mesmo que faz a maior barulheira. Será que um 'bom dia' menos falso e pessoal poderia acontecer as oito horas da manhã?
É certo que em algum lugar a bondade aflora solta e desavergonhada, prontificada para ser apenas o que é. Quando a multidão se indivualiza em secretos livres, posso ver pela janela o sol a pedir licença pra se pôr em tua figura, como única radiante razão aveludada.
Refém amontoada que sou de um passado que passa. Aguço o senso do sentir o outro, e basta.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Voe Livre


Acordei sentindo a sua falta. De alguma maneira, sinto que você está dentro de mim todos os dias. Só queria poder dizer que a maneira presente que a sua ausência se apresenta ainda dói. Eu sei que você está feliz, anjo. Só pode estar. Jamais deixarei de pensar em você.

Eu te amo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Entrelinhas



"Não é porque eu sujei a roupa bem agora que eu já estava saindo
Nem mesmo por que eu peguei o maior trânsito e acabei perdendo o cinema
Não é por que não acho o papel onde anotei o telefone que estou precisando
Nem mesmo o dedo que eu cortei abrindo a lata e ainda continua sangrando
Não é por que fui mal na prova de geometria e periga d'eu repetir de ano
Nem mesmo o meu carro que parou de madrugada só por falta de gasolina
Não é por que tá muito frio, não é por que tá muito calor
(...)
Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível
Não é por isso que eu não possa estar feliz, sorrindo e cantando. "

(Nando Reis - O mundo ficaria completo com você)





Marcar sempre foi o seu principal objetivo na vida. Sempre levou um lema embrulhado nas suas artérias. Paula percorria as esquinas de cada rosto com vontade de rabiscar uma lembrança ao seu teor. Todo o delinear de existência a encantava. Existia um prazer secreto em observar milhares de pessoas tão diferentes todos os dias. Parece que ela gosta de tentar adivinhar as histórias por trás daqueles semblantes corriqueiros. Imagina seus nomes, lembranças, olhares sobre a vida, pratos favoritos, cor das cortinas do quarto, datas de aniversário, prazeres ocultos, últimas doenças, gosto musical, pensamentos sobre o que estão observando, dentre mais um ninho rico de detalhes e informações sobre rostos que ela nunca nem sonhou em ver. Essa tal mania de querer fazer parte, sempre foi vertiginosamente insistente e até mesmo corrosiva. Sua timidez sempre demonstrou-se como uma grande pintura negra sobre a tela alva, capaz de paralisar instantes entre seus pensamentos mais correntes. Ela parecia captar uma visão sobre o mundo que mais ninguém poderia ter. Num rapto intuitivo aprendeu um jeito de mudar vidas sem precisar ser notada com uma arte peculiar que mais parece o seu meio de sobreviver dentro de si mesma: Escrevendo.
Paula irá revelar agora mesmo uma das sua secretas manias.
A escrita fazia Paula molhar os dedos dentro da sua alma irreverente, absorver cada palavra solta e presa aos seus devaneios. Pulava em abismos de sensações inexprimíveis e deitava sobre um campo de margaridas com a calmaria do vento. Com tudo o que nela havia de silencioso e inefável, sentiu que poderia mudar rumos por alterar rotinas em cortes sucessivos de planos conceituais. Como quase todas as escolhas nos oferecem cinqüenta por cento de chance de dar certo, Paula arriscava a mutável experiência do cotidiano em provocar risadas e reflexões sublinhadas em semblantes aleatórios por troco de nada além do seu prazer de tentar mudar histórias. Paula escreve em papeis por toda parte, deixa em mesas de shoppings, janelas de ônibus, cadeiras de hospitais, porta-copos de cinema, caixas postais, carrinhos de supermercado e até mesmo em lixos, mensagens para quem ler, ler por conta própria e auto-risco. O teor de cada uma dessas folhas está na originalidade do recente. Divulga pensamentos íntimos a respeito da vida, e implora para que as pessoas vivam mais, vivam melhor.
Quem lê pensa: Essa garota certamente deve ser perturbada, no mínimo carente.
Mas na verdade, há quem diga que ela é uma grande sonhadora. Sonha em abrir mentes, quebrar cadeias e confortar corações de todos os tipos e origens. Quem sabe até um dia consiga ser uma grande psicóloga. Tá, nem precisa ser grande. Mas se for uma psicóloga capaz de melhorar uma única vida, já terá sido o suficiente para que leve dentro do seu peito um grande afago interno. Paula ama a mente humana como quem é capaz de dedicar toda a sua vida a entendê-la, mesmo sabendo que jamais seria capaz de decifrar tantos sentimentos particulares e cargas genéticas.
Paula fechou a porta do seu quarto, por um momento resolveu mudar a própria vida.
Às vezes pega atalhos, toma banhos frios, mergulha, come outros pratos só para saber como teria sido.
Se ela pudesse dar um só conselho para cada pessoa que conhece seria:
Ame as entrelinhas, porque são delas que se sente falta, porque, no fundo, são elas que nos fazem apaixonar pela vida, que nos fascinam sem que tenhamos consciência disso.
Entrelinhas estas que baseiam-se em apenas ser uma caricatura inesperada para uma criança desconhecida, um sorriso a um mendigo, uma flor a uma velhinha cansada, um chocolate no bolso de uma senhora irritada, um assunto diferente no elevador, um elogio espontâneo, um abraço verdadeiro, um bom dia cheio de impacto expressando a real vontade de que a pessoa tenha um dia coberto por momentos amáveis.
As Entrelinhas podem mudar destinos. O cafézinho do taxista, a manchinha de pasta de dente na blusa, o corte novo de cabelo, a coleira apertada do cãozinho, a mosca no vidro do carro, o relógio parado da cozinha e uma palavra que seja, podem salvar vidas e alterar uma ordem mundial.

Quando Paula sente que faz bem para alguém, não importa o que ocorra. Ela sempre está em paz dentro de si mesma. Nem a maior tempestade pode fazer com que seus sonhos escorram entre os dedos. Ela tem força, dedicação e o principal: O amor.































segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Hoje no calendário futuro

Calendários sempre tiveram o poder de me assustar. Detesto marcar os dias com caneta, sinto-me contando a vida até o dia que uma janelinha ficar sem nenhum vestígio de cor, levando mais todos os pequenos quadrados numerados com uma marca de luto particular. Não arranco as páginas, ainda faço questão de olhar para elas forçando a memória para lembrar de cada dia.
Sempre guardei datas como quem guarda jóias valiosas. Não me perguntem o motivo, não saberia responder. Mas arrisco em comentar que deve ser para não me perder na minha própria natureza amante das memórias detalhadas. Quando começo a pensar nos fatos ao meu redor, certos lampejos dos mais derivados sentimentos misturam-se ao ponto de me fazerem perder o silêncio. Quando paro absorta em uma tempestade de desmotivações, observo o que é molhado por ela. Ali vejo uma margaridinha crescendo no cantinho do asfalto, um gatinho solitário olhando para um homem como se o reconhece-se, a aeromoça cansada sentada em um banquinho colorido da cafeteria, com um olhar nervoso por respingos do toldo estarem caindo sobre o seu ombro direito, janelas de todos os tipos de vida passando uma energia singular, um adolescente preocupado com o cabelo, o mendigo sorrir enquanto o cachorro malhado deita em seu colo, uma cega com uma rosa branca de cetim no cabelo amarelado como o seu labrador, uma mãe apertando os passos por causa do bebê do carrinho azul marinho, a hipponga ruiva do bairro procurando a chave em sua grande bolsa verde cheia de chaveiros grandes e chamativos, crianças com vestidinhos adultos, carros coloridos correndo rápido para os seus destinos. Paro, reflito, sonho e confirmo as motivações espontâneas que tomei num grito. Consigo encontrar cor até nas mais cinzas das metrópoles agora que o dia chama-se liberdade. Como é gostoso olhar a vida ao redor e identificar-se com os mais derivados tipos de ações urbanas. Muitas vezes abafados pelo sentimento engasgado de sentir a dor do próprio umbigo, não sentimos facilidade de fixar os olhos nos fatos e lembranças sobre as emoções que nos fazem bem para diminuir o caos interno. Nenhuma porta é fechada enquanto não houver uma janela aberta. Devo dizer que pela primeira vez pude ter certeza dessa frase. Aprendi que não adianta procurar a janela apoiando os braços sobre a mesa com olhos marejados. É preciso explorar o ambiente com os olhos famintos por intensidade. Posso sentir o manto verde da esperança e a mordida vermelha da motivação entrarem pelas cortinas abertas do meu quarto de garota, com uma única diferença : A própria diferença. Não por uma questão de 'profundidade filosófica', mas a singularidade desse momento é totalmente indescritível. Mas esperem os dias virem enquanto as noites vão embora, talvez possam me ver 'Descrevendo o indescritível'.
A volta do prazer de não ter que buscar esconderijo ao lembrar do tempo que sorria melhor pelo simples fato de já estar sorrindo o sorriso mais aberto de todos os verões cariocas:
A realidade futura será melhor do que todos os meus sonhos e lembranças no que depender da minha gritante e inefável vontade de viver livre e presa por vontade.
Agora o meu céu anuncia um azul convidativo, o qual a tempestade já lavou enquanto pintava um arco-íris vivo para me fazer lembrar de que a vida é surpreendente quase sempre.






Os olhos mudavam de cor ao suspirar. A felicidade era explícita, os momentos não tinham fim. Ela se sentia frente à frente aos seus sonhos mais impossíveis. O tempo parecia pausar junto com a sua respiração. Por trás dos olhos castanhos existiam sentimentos que devoravam sua capacidade de expressão. Seus mistérios se dissolviam na escuridão dos seus maiores medos. Ele sabia como a manter feliz. Já se fazia muito tempo que não surgia um sorriso confiável em seus lábios. A suave coloração pela face não a permitia um esconderijo. E quer saber? Ela não queria mais se esconder. Ela queria que o tempo não existisse. Ela só quer viver sem pausas agora que O conhece... Quando o sol penetrava na sua pele pálida, conseguia sentir um instante de volúpia. Ela tinha outro dia dentro da sua eternidade interna. Andava livre, leve e solta. Sorria sem mais nem menos. Ela amava viver. Ela ama.
Agora ela tem um motivo. E que motivo.

domingo, 8 de novembro de 2009

Manhã carioca.





Ah, esses meus ponteiros...

Hoje acordei lembrando-me da gaveta que guardo minhas blusas preferidas. Junto a ela tenho caixinhas com mechas dos fios dourados do meu cabelo da infância, perfumes antigos em algodões e em frascos pequenos, conchinhas que achei em praias diferentes com seus respectivos nomes sobre a face funda, borrachinhas que nunca acabaram, páginas antigas de diários que abandonei com o tempo, velas de aniversário, posters especiais que já foram selados na porta dos armários que tive, entre um infinito de coisas que só possuem um significado para mim. Todas reúnem fatores que aguçam os meus sentidos mais singulares: lembram-me o mar, me enchem a vida de um odor mágico e de uma canção maravilhosa.

Poucas pessoas importam-se em guardar seu passado distante, pois eu faço questão. Guardo em fotos, filmagens, pensamentos, sentidos e até mesmo em gavetas.

De pronto soube, eu queria ter um dia bom, desses que eu gostaria de lembrar no futuro.

Mas como?! hoje é domingo, preciso fazer um trabalho para amanhã, está um calor de quarenta e muitos graus no Rio de Janeiro, meu cabelo está péssimo e não me encontro em um momento de alegria aparente. Cara, preciso falar do calor mais uma vez. Eu não estou suportando, acho que nunca passei por dias tão desesperadamente quentes. Não está humano, não está. Pronto, falei.

De qualquer maneira, eu tentaria ter um dia bom.

Sempre me liguei muito aos detalhes, as pequenas coisas que me faziam sorrir. Minha infância sempre foi um prato cheio para me arrancar sorrisos sinceros. Não foi diferente. Arrisquei-me a lembrar de coisas que jamais lembraria se não fosse forçar a memória, assim consegui.

Lembrei-me do rosto do velhinho que vendia algodão doce na porta do colégio que estudei aos cinco anos.

Lembrei-me da minha mania de apresentar bonecas novas as antigas bonecas do quarto.

Lembrei-me de estender os pés no tapete separando todos os dedos ao tomar meu picolé favorito: Limão.

Lembrei de observar a minha babá dormir e pensar "Tomara que amanhã ela queira brincar de esconde-esconde comigo."

Lembrei-me de passar as mãos na cortina e de sentir a textura lembrar a calça jeans do meu pai.

Lembrei-me de tomar banho tentando não molhar a parte do braço onde minha mãe havia deixado uma marquinha de batom bordô.

Lembrei-me de deitar na rede com um laser vermelho apontando para varandas alheias

Lembrei de passar o último olhar em todas as casas que tive que deixar e dar adeus aos meus amigos de estados diferentes com o rosto paralisado, como quem não aguenta mais não saber de onde é, para onde vai, com quem vai estar. Corria para chorar escondida, mas dois minutos depois eu corria para rir entre os outros.

Lembrei-me de não gostar da parte que cantavam "Com quem será?" nas minha festas infantis. Sempre inventavam um nome de garoto completamente sem sentido, pareciam saber junto comigo que a minha infância foi muito solitária nesse aspecto. Por isso respondia esboçando um sorriso triste observando a vela, louca para fazer um pedido novo.

Lembrei-me de fazer corrida de gotinhas no vidro do carro no dia que eu fui mordida por um cachorro e senti medo do meu rosto ficar deformado.

Sempre fui tímida, poucas pessoas sabem disso. O humor é uma forma de agredir, uma forma de mostrar que nem sempre você está pronto para falar de si mesmo. Com isso, faço questão de usa-lo todos os dias.

Só que hoje eu precisava como nunca de uma dose enorme de humor.

Resolvi molhar os pés na piscina, tomar banho cantando "Solta o Frango", desenhar uma margarida no box, quebrar a rotina secando-me com uma toalha, comprei uma escova de dentes nova, deitei na cama para fazer carinho na Samantha tentando encontrar desenhos no céu. Não bastou. Resolvi pensar no futuro e estranhamente ele me pareceu bom. Bastou dessa vez.

Sabem por que?

Porque eu não sei ser infeliz, nem mesmo quando tudo tenta me fazer estar.

Eu sou um exército de detalhes que nunca vão morrer por cair no esquecimento.

Mas o melhor de tudo é que os ponteiros do relógio estão correndo, dezembros chegam sem parar e a vida me apresentará muitas causas para sorrir. Muitas.

Que os novos detalhes me cheguem apurados aos sentidos e que os velhos sejam como tatuagens de grande porte pela alma.


Bom dia para vocês.

(Não sei por qual motivo escrevi esse texto.)


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um amigo chamado Henrique

A vida é feita de encontros em estradas incertas.
Ao longo da mesma, encontramos muitos sorrisos estampados, olhos tristonhos e personalidades diversas.
Quando encontramos um amigo como Henrique, o nosso coração transborda de ternura na vontade de expressar o quão especial para as nossas vidas e principalmente para o mundo ele é.
Ele sorri e chora a vida fazendo a diferença. Ele observa os detalhes que muitas vezes são deixados de lado em meio da correria do tempo. Ele cultiva palavras aveludadas capazes de nos acariciar internamente e movimentar uma intensa vontade de mudar a realidade junto com ele.
Antes mesmo do mundo ser mundo o seu coração já era conhecido. Sua alma já era uma pintura que seria personificada sobre a face da terra.
Henrique seria aquele que sentiria uma vontade pulsante e interminável de amar cada ser humano. Henrique com muita humildade tentaria espelhar-se no coração de Cristo ao amar o próximo do jeito que ele é, ao quebrar barreiras e cadeias existentes apenas nos nossos pensamentos, ao acolher o pobre de espírito, ao romper injustiças e paradigmas sociais com amor, dedicação e bondade.
Durante toda a minha existência eu esperei um amigo como o Henrique, mesmo em uma fase inicial do meu pequeno contato com ele, tenho certeza de que era por esse amigo que a minha vida andava a precisar.
Um amigo capaz de colher minhas ervas daninhas e plantar um imenso orquidário no que se chama pensamento.
Tenho certeza que muitos de nós (suas ovelhinhas), temos um orgulho incondicional de tê-lo em nossas vidas.
Uma vez você falou sobre um amigo muito especial para você: O Foca.
Completou dizendo o quanto você desejava dentro do seu coração que alguém lhe visse como você vê o Foca, como alguém que lembrava o próprio Jesus Cristo. A sua natureza comovente, intrigante e surpreendentemente adorável com toda certeza nos lembra Aquele que morreu por nós.
Você nos ensina a ter um contato íntimo e particular com Deus.
Você nos estimula a aprender sobre a natureza incomparável e inexplicável do Criador.
Você nos constrói corações humanos com fardo de paz e sede pelo bem.
Você nos trilha caminhos para a vida eterna que só Ele pode nos oferecer.
Você nos proporciona a alegria de vê-lo semanalmente.
Você nos surpreende com seu humor exótico, divertido, agradável e singular. (O qual confesso que me provoca muitas risadas.)
Você nos faz perceber no outro um coração igual ao nosso.
Você nos faz ter compaixão aos pequeninos ENORMES de Cristo.
Você nos mostra que somos tão minúsculos e dependentes com a leveza de sentirmos entre o adormecer e acordar que mesmo assim somos especiais para Ele.
Você nos cativa a ponto de querermos provocar seus sorrisos mais sinceros.
Você nos conforta ao sentirmos que temos um amigo de verdade, amigo este que não quero que a vida leve para longe.
Você nos transforma através Dele.
Continue sendo este anjo em forma de amigo.
Obrigada por tudo.

Lágrimas não são escuras


A solidão parece sempre nos soprar um segredo no íntimo: Não estamos sozinhos.
Estamos tão perto de ouvir uma voz no silêncio, algo que nos sussurre a nossa escolha pela a imortalidade. O coração secular diz como voltar a paz interna até nas tempestades que mais encharcam a nossa alma com uma substância pura: As lágrimas que ninguém vê.
Nossos olhos começam a nos compreender com gotas transparentes como cristais. Não, elas não são negras, nem possuem nenhuma cor vibrante como se não fossem sábias o suficiente para saber que você precisa de consolo. Elas por essência parecem nos acolher. As lágrimas confirmam no peito que alguém não só está secando a pureza cristalina como também está chorando com você.
Seus olhos ficam distantes. Sua mente parece escorrer lembranças curtas. Sua alma implora por calmaria imediata. Da sua boca só saem grunhidos afogados. E o seu peito? parece bombear toda a adrenalina desumana.
A infância chega aos nossos ombros e nos faz sentir o retorno da inocência na fraqueza dos nossos sentimentos particulares, tantas vezes puros e fortes.
Quem é essa menininha bancando a forte enquanto seus pés são tão pálidos que pode-se ver as veinhas azuis dando sinais claros de dependência?
Ele sabe. E não deixem-se enganar por sua aparente fraqueza. Esses pés possuem coragem entre os dedos e vão muito longe por perto de quem interessa: O Criador da sua essência livre.
Trocando passos com a solidão escutou no escuro a Liberdade que a lua a banhava e aquilo a bastou. Ali ela entendeu que Ele era como um Pai doce e sublime, que muitas vezes chorou com ela sem que pudesse o ouvir dizer: "Estou por perto, eu te compreendo. Eu te amo incondicionalmente, Paula."
Nada pode separa-lo dela.
Nunca.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Acorda, Alice!

O quarto parece abraçar seus olhos ainda com vestígios de maquiagem escura.
O lápis escorre, a respiração começa a pousar profunda pelo travesseiro.
Ela resolve fechar as pálpebras em silêncio, após a sua oração de agradecimento pelo sol que abre-se todo dia pela janela após as noites tão escuras, porém estreladas do Rio de Janeiro.
Paula adora agradecer a Deus por ter a criado, ela nem precisava existir. Nossa, como o mundo é gigante. Quantas milhões de pessoas poderiam muito bem ocupar o espaço dela no mundo. O que é um grão de areia quando se tem a praia inteira?
Mas não, Ele a escolheu. Isso sempre fez Paula suspirar emocionada. É raro para ela sentir-se tão especial, e quem a soprava no ouvido todas as vezes que ela via o sol, era Ele. O Criador do universo. Quando seus sonhos a tiravam para dançar, ela sentia-se como quem desaparece por horas. No início dos sonhos observa atenta e inofensiva a realidade transformando-se em memórias borradas, fotos fora de foco e lugares longínquos. Mais uma coleção de cicatrizes e tatuagens artísticas e elaboradas o seu inconsciente pinta sobre a tela, revelando-a entre recortes coloridos, cheios de significados fortes o seu complexo psíquico, o qual parece conseguir leva-la para longe do mundo, a entregando espiritual em uma cena de esfera latente, praticamente insondável, misteriosa, obscura de onde brotariam as lembranças minimalistas, o medo, os sinais, a criatividade, a vida e a morte. Paula adora acordar e escrever tudo o que lembra dos seus sonhos. Dessa forma ela sente-se como quem está mais próxima do que está sentindo. Paula tem medo para onde irão as suas tralhas, os seus cristais, as suas lembranças. A simples idéia de que tudo que ela passou irá ficar para trás em um país distante, perdido nos confins de uma memória incerta, sujeito ao esquecimento a fazia pensar sobre o quão breve era o seu sorriso entre as manhãs terrestres. Será que vocês lembrariam dela? O que será que pensaria quando o relógio continuasse sem ela?
Todas as novelas começando a renovar durante os anos, os filmes que certamente ela adoraria ter tido a chance de ver entrando e saindo dos cinemas, as árvores rotineiras do natal dentro dos shoppings que ela frequentava, as novas músicas, All Stars com modelos chamativos nas vitrines, livros dos seus escritores favoritos nas Bienais, as tragédias mundiais acontecendo sem a sua voz, sem o seu olhar dentre milhares de coisas que provocam reações diversas em seu rosto que a terra apagaria. Será que alguém prestaria atenção nisso na mesma proporção do quanto a vida perto das poucas pessoas que ama lhe faria falta?
Paula sabe muito bem que nunca será um ser humano exemplar, mas uma amiga exemplar ela sempre tentou ser. Ela é como a mão de uma mãe para um filho que precisa atravessar a rua.
Ela não solta enquanto ele precisar dela. Paula gosta de lembrar sempre que pode de que é confiável. É gostoso porque para ela isso sempre foi raro, ela sempre decepcionava-se com a confiança que por culpa dela, depositava nas pessoas que pareciam acolhedoras. Era bom sentir-se pura sobre uma coisa na vida, sentir-se como uma boa pessoa quando o tema é ser leal aos seus. O tempo nos ocupa tanto que a gente esquece que a vida é breve e assustadora quando quer acabar com as nossas horas restantes. Ainda dá tempo para amar cada ser humano que ainda não se foi, de ser confiável e de confiar, ainda dá tempo de não ter que dizer: "Poxa, eu deixei de dizer tantas coisas..."
Com o tempo Paula aprendeu a não depositar no outro o papel de cobrir os seus abismos, seus vazios existências ecoantes. Mas com o tempo Paula aprendeu que o casulo é necessário. Ela não saberia ser uma lagarta sem graça, com aquele aspecto de verme por toda a vida. O casulo a fez sentir dor, debater-se, debater-se e debater-se para tentar sair dali. Até que percebeu que quem faz isso é o tempo, a natureza. A vida de casulo é necessária para que tenhamos uma vida de borboleta. E isso acontece em qualquer tempo, com qualquer idade: um mês de gestação, sete meses de gestação, dois anos de vida, quinze anos de vida, trinta e três anos de vida, setenta anos de vida... alguns de nós nunca consegue atingir a vida de borboleta.
Paula aprendeu a sonhar, a voltar a sorrir depois de uma tempestade agressiva. Alguma coisa chamada Liberdade a fazia sorrir como sorria quando criança. Ela já não precisava pensar na clássica fala dos filmes americanos: "Maybe I'll find home away from home,Will I ever know?"
Ela já tinha o caminho de casa, já sabia onde ele era. Como chamava-se.
Ele a levou para Casa.

Como ela pode crescer?





Preciso dividir algo muito bizarro.

Alguém pode me explicar como a minha irmã passou a escolher as próprias roupas, falar frases complexas e além de tudo, agora ter ORKUT aos oito anos de idade?

Quando ela disse que faria, eu logo imaginei o seu nick como "Lulu Loir@, Lu linda, sou linda e absoluta, gostoderabiscarparedes, mamãeamoapucca... SEI LÁ! coisas bizarras e diversas para uma criança em falta de informação sobre o quão ridículo esses nicks são. Me chega esse ser humano e digita: "Luiza M."

Começa a adicionar comunidades engraçadíssimas como:

"Minha mãe não fala, dá palestra", "O Ronald Mcdonald é Emo", "Não me quer? pior para você!",
"Tô eliminada!", "É brimks", "Minha irmã é maluca", dentre outras.

Ou eu parei no tempo estilo Hebe e não sei o que está acontecendo dentro dessa cabeça coberta por fios loiros, ou eu estou começando a acreditar que conforme o tempo passa menos crianças as crianças são.





sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bagagem



Tudo começa dentro de um silêncio uterino.
Água quente. Emoções externas. Cordão umbilical. Coração denunciando cento e sessenta batimentos por minuto. Corpo em formação, casca em pleno desenvolvimento. Capacidade de emocionar seres humanos antes mesmo de abrir os olhos. Sapatinhos dentro do armário. Roupinhas em cima da cama. Sorrisos pela casa. Cheiro de bichinho de pelúcia. Mãos sobre a barriga antes de dormir. Móbile tocando para o berço vazio. Movimentos simples vistos como milagre em ultrassonografias. Vestidos para grávidas. Lista de nomes para bebês. Dor nas costas. Enjoô. Depressão. Felicidade. Sentimento inexplicável. Medo. Responsabilidade. Mudança do corpo. Seios produzindo leite. Chupetas e mamadeiras. Paninhos e tapetes coloridos. Cadeirinha vazia no banco de trás do carro. Carrinho no meio da sala. Idealização do filho perfeito que muito provavelmente não será como sonharam que fosse ser.
Antes mesmo de nascermos, mudamos o mundo ao nosso redor. E principalmente formamos o nascimento de pais. A maioria deles nasce com um amor sufocante e incondicional por nós. Alguns não. Alguns nem sequer foram amados durante a gestação, quem dirá durante a infância, podendo então não conseguir passar amor aquele ser que deveria ser visto como o maior presente do Criador. Vítimas de vítimas. Querendo ou não, aos nove meses ou antes, a bolsa rompe. Água quente escorre entre as pernas maternas, corações aceleram os ritmos cardíacos, contrações uterinas começam a apressar os passos e ali está a hora que a natureza nos acorda de um sono puro. A partir dali nunca mais conseguiríamos nos imaginar não existindo.
O choro domina o ambiente, o cordão umbilical é rompido. A nova criatura contrai e expande os pulmões pela primeira vez. Luzes, toques, pessoas e vozes altas.
Entregam a criatura a mãe e ali e ela reconhece aquela voz tão doce que por tantas vezes durante o banho, caminhadas pela rua, no trabalho, fazendo coisas simples e ao deitar na cama, chorou, riu, comeu pratos que não gostava pelo fortalecimento do feto, conversou com ele, cantou melodias e contou contos. Mesmo com um "rostinho de joelho" escutou aquela frase: "Mas como você é lindo..."
O bebê procura os seios da mãe e ali alimenta-se de todos os nutrientes necessários para o seu devido crescimento.
Após alguns dias no hospital cercado de visitas, presentinhos e sorrisos inflados chega finalmente a hora de ir para o lugar onde irá virar o seu primeiro universo: Sua casa.
A mãe sente medo. Em casa não terá os tratamentos hospitalares necessários para o bebê e para ela caso necessitem. Terá que trocar fraldas, passar noites em claro, dar banhos, esterilizar chupetas, brinquedos e mamadeiras sempre que caírem no chão. Amamentar em horários estranhos. Tudo isso recuperando-se do parto e da mudança brusca de não ter mais aquele serzinho movimentando-se dentro de si. Agora ele estava em seus braços, sobre a sua responsabilidade.
Mesmo assim respira forte, coloca a criança na cadeirinha do banco de trás do carro. Vai atrás com ele para garantir que nada irá lhe acontecer. O carro vai seguindo lentamente, o medo de perder aquela vida é absurdo. Mas ao mesmo tempo uma emoção inexplicável lhe toca a alma. Era a hora de apresentar o quartinho que por tantas noites entrou com lágrimas nos olhos e sorrisos surreais. Quarto cheio de cuidados. Cortina delicada, brinquedos coloridos, detalhes amáveis e acolhedores. Agora o quartinho tem o cheiro daquele bebê, que com o tempo emocionará seus pais com engatinhadas, olhares, sorrisos, toques, primeiros passos, palavras e expressões.
Os dias passam, os meses passam, os anos passam. Ali está a melhor fase da vida humana:
A Infância.
Na bagagem da infância levamos as lembranças mais incríveis e às vezes as mais traumatizantes. Um amontoado de momentos nos invade a memória e começa a nos selecionar uma coleção de cenas: Dedo no bolo de aniversário, brincadeiras secretas, lágrimas sinceras e sorrisos repentinos, tapas dos pais, natal, óvos de páscoa, músicas animadoras, janelas, pensamentos engraçados, castigos, amigos imaginários, padaria, zoológico, praia, brinquedos singularmente especiais, manias particulares, meias coloridas, horror a perder os pais de vista em shoppings e dentro de carrinhos de super mercado, banhos com desenhos no box, flores do jardim, pesadelos, medo da morte dos pais, sonhos, pessoas que nos fizeram mal, gostar do amiguinho da escola que não te dá a mínima, pulos na cama, programas e filmes rotineiros, pipoca no tapete, cheiro de sorvete, chocolate entre os dedos, boca melada de algodão doce, danças malucas pelo corredor, perigos na rede, festinhas de aniversário inesquecíveis, balas na hora do almoço, abraços, gostar de pessoas que olham nos olhos e falam baixo, biscoitos favoritos, mochila da escola, perfume dos professores, desenhos espalhados pela sala, broncas por bagunçar o quarto, amigos verdadeiros (...)
Entre inúmeras lembranças completamente particulares para cada ser existente.
A bagagem das nossas fases fazem com que sejamos as pessoas que somos hoje.
Parte-me a alma saber que muitas crianças são abandonadas por seus pais e ao mesmo tempo surpreendo-me em sentir que posso amar uma criança como se ela tivesse saído de dentro de mim. A criança é a personificação da pureza, da espontâneadade, sinceridade, da real alegria e do coração de Cristo.
Ainda que seus pais te abandonem, ou esfriem o que sentem por você demonstrando entre palavras ásperas, tapas absurdos, castigos sem necessidade, falta de comunicação e falta de carinho lembre-se de apenas uma frase daquele que deu a cor céu:
"De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei", Hebreus 13.5

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

l Coríntios 13




1
¶ Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
2
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
3
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
4
¶ O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,
5
não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;
6
não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
7
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8
¶ O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará;
9
porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
10
Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.
11
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
12
Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.
13
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.





Ela acreditava no amor, e porque acreditava, ele existia.


O que ela não sabia era que Aquele que pintou o céu de azul estava tão próximo quanto os seus pensamentos. Quando Paula abriu os olhos, notou os detalhes tão próximos ao seu rosto que mal sabia respirar sem dar sinal de felicidade entre as suas bochechas. Ela queria respirar como nunca quis antes, apenas pelo fato de saber que agora Ele estava com ela. Pronto para mostrar que a vida poderia ser maravilhosa se ela conseguisse acreditar na força que tem dentro de si. Um par de asas imaginárias ele pintou entre suas fragilidades. Ela poderia ir para onde quisesse ao fechar suas pálpebras, ela aprendeu a voar. O Criador havia soprado em seu ouvido um segredo amigo e único. Ele nunca a abandonaria.

E agora?

Nem ela.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Asas de algodão


O vôo insólito havia começado. De pronto, soube. Voar é um estado de espírito.
Em alguns momentos me bate o tal ataque de querer voar para longe. Pensar que eu posso ter perdido a graça. Dar risada e chorar em compassos de meio minuto. Desejar gritar quando da minha boca só saem grunhidos. Sugando com os olhos, investigo-me por inteira num segundo. Esse tal tumor moderno de se importar apenas com o próprio umbigo não faz o meu perfil, mas gosto de penetrar em meus próprios devaneios inefáveis e pouco racionais. Hoje os olhares estão mais táteis, e um pouco menos "visíveis" (se é que vocês me entendem)... mas parece que o interior do externo anda me dominando. Esse tal amor as mentes do mundo e essa tal vontade insolúvel de mudar vidas, anda acelerando-me os passos. É incrível como um sorriso alheio provocado por mim, pode trazer uma alegria involuntária, como um amor materno. Sentir tudo o que eu sinto é algo indescritível e ponto. Ainda em uma fase em que palavras são desnecessárias, embaralho os dedos na mente em busca de algo que possa expressar entre linhas o labirinto que entrei. Essa ciranda da vida me flagra sempre no mesmo ponto. Aquele exato ponto onde me perco por opção e me reencontro por medo. Parece que não fui feita para viver para mim. Eu fui feita para viver o que chama-se de liberdade azul, nada nublada.
Palavras desconexas hermeticamente guardadas insistem em sair. Vontade. Fome. Abraço. Outro. Lá fora. Duelo. Tempestade. Azul. Calmaria. Gargalhadas. Intensidade. Busca. Distância.
Talvez tudo que expresse pareça confuso, mas assim que sinto. Tudo em uma desordem alinhada de pensamentos volúveis, desembarcados e soltos em uma só corrente fulminante: A emoção de sentir o que se é. Era glacial o que se pronunciava entre as canções que escrevia. Entre seus ombros, tecidos já eram confeccionados com algodão esbranquiçado, crentes que por delicados seriam capazes de voar - quando que, por natureza, foram dedicados a absorver, nada mais.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Respiração



Minha pele arrepia-se por um frio mudo, agudo e latente como os ponteiros dos meu dias fortes. Sinto meus pulmões pesados, cheios d'água. Dedilho a poeira surda, ouvindo com leveza o cansaço da ferida provido pela ausência de paz. Meu rosto por um instante gela como louça antiga. A coragem do implícito parece despejar a degustação de um momento solto, voraz, aflito, tristonho e fértil . Contorço-me, deslizo, entro e finalmente me atiro bem no meio do êxtase da essência, lá onde eu posso ser como um tiro no escuro, uma ondulação no mar do que é deserto. Oscilando entre paciência, lágrimas em tormenta e sede de vida, desfio a ponta de um fardo leve e sinto que o meu pranto nasce como fúria indolente, movido como uma crise epiléptica, invadindo o que eu chamo de universo particular. Estremecida, nauseativa, sonolenta e jovial. Pensamentos agressivos e torturados passeiam por mim, mas aos poucos vão virarando pó e eu adormeço embalada pelos pensamentos do dia que passou. Algo de transparente e demasiado toca minhas pálpebras, posso sentir a ponta do travesseiro umidescer. Salgando o que mais ninguém sente. Algo de doce me mancha os surtos e me faz atravessar minhas dores com sabedoria e calma. Parece que meu corpo começa a enviar lembranças num sopro alegre de um tempo bom, onde eu ainda não sabia o que era ter que crescer. A nostalgia em cor de sépia começa a tornar-se lenta e próxima. Como se num grito claro e sincero eu ninasse os meus sonhos e me prometesse a paz que esse mundo não pode me entregar. Um cansaço empoeirado me abala a alma e o espírito sussurra paz. Lá onde eu me atiro e me espanto nos últimos segundos antes do sono me levar para longe, uma força superior me beija os olhos entendendo-me e sarando meus ferimentos profundos, porque sabe que estou limpa entre as frestas da minha essência livre e presa por vontade.

terça-feira, 8 de setembro de 2009


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Um copo cheio de mágoas.


Eu nunca senti medo sobre o modo que os meus sentimentos pudessem ser interpretados. Eu não me importo quando alguém não entende o motivo do meu sorriso, ou o motivo do meu sofrimento. O que realmente faz com que eu não me sinta bem é a falta de respeito. Eu preciso de silêncio já faz tanto tempo. Os gritos ao meu redor só me trazem uma coletividade de pensamentos que parecem fazer meu corpo cansar com o peso da minha alma. Eu não consigo estar em paz comigo. Existe algo atravessado, surdo, inquieto, engasgado, preso, triste, atormentado. Eu tento ficar bem quieta no meu canto, mas parece que isso não vai acontecer com facilidade. Parece que precisam me agoniar mais ainda quando estou assim. Coisas simples vão tirando a minha paciência, o meu quarto começa a ficar quente demais para os meus poros livres. O final dos meus limites não para de começar todo o tempo. Existe um peso longo e agúdo dentro na minha garganta. Eu quero gritar, mas eu não sei ser violenta. Eu quero chorar, mas eu não sei ser frágil. Eu quero viver. Eu quero ir embora, eu preciso ir embora para bem longe de tudo. Eu quero paz. Eu quero sonhar. Eu quero poder rir sem medo. Eu quero poder encontrar o caminho de casa. Eu quero ter a chance de ser feliz. Eu estou cheia de marcas, cicatrizes profundas que eu não consigo parar de olhar.
Será que não percebem que eu sou uma pessoa? Eu sofro, eu sinto, eu tenho meus infernos em dias de sol e meus paraísos em tempestades. Eu não aguento mais a falta de respeito, de senso, de sabedoria. Sabe, uma das poucas coisas que me confortam em dias tão brutos como estes é que eu tenho a mim mesma, que eu não vou me abandonar. Eu posso pensar o que eu quiser, que não vou me julgar errada. Eu não vou espalhar meus segredos, publicar os meus defeitos. Eu não vou me trair por nenhum dia, muito menos mentir para mim mesma. A verdade é única, a verdade é que eu existo, eu sinto, eu também preciso de me sentir leve. Eu tenho certeza de que não sou daqui, a insanidade parece a única saída em um mundo de loucos. Mas eu não vou ser louca, eu vou ser eu o tempo todo. Eu tenho o direito de ser eu mesma. E nunca, nunca irá existir ninguém que possa fazer isso por mim. Nos dias de falta de amor, de respeito e de paciência é melhor não nascer. O que me intriga é que as mesmas pessoas que pregam querer o meu bem, me promovem uma guerra interior sem motivo, sem porquê. A verdade é que existem dias que nos fazem perceber o quão absurda é a ideia de não poder sorrir.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Desabafo

Eu só preciso respirar sozinha. Eu preciso ouvir a minha voz. As vezes o dia lá fora me cansa e eu só preciso me trancar aqui dentro, assim como tenho vontade de fazer com a porta do meu quarto. É incrível como poucas pessoas conseguem perceber as reações que coisas mínimas me causam. Detalhes, detalhes mesmo, são capazes de arrumar uma grande tempestade aqui dentro e finalizar a possibilidade de sol entre as nuvens.
As vezes eu canso e preciso fugir dos meus fantasmas. As decisões me pesam e dessa vez eu mergulhei profundamente em mim. Encontrei uma Paula que já não era mais a mesma, que era muito pior do que ela gostaria de ser. Eu preciso melhorar, eu preciso ser a pessoa que eu sei que existe aqui dentro. Eu só estou perdida, presa, triste, sem saber para onde ir. Eu não sei o que dizer além de uma única palavra: Cansei do mundo hoje.
Me acordem amanhã.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Dentro do meu quarto


Quando sinto dor, ela olha bem na menina dos meus olhos castanhos. Algumas palavras funcionam como gatilhos, a boca insulta o que meu pensamento não consegue pulsar. Fujo dentro da minha própria escuridão e alí me atiro buscando um pouco de paz. Traumas novamente chegam ao vermelho das artérias. Eu não sei para onde ir, sei que aqui dentro não posso mais ficar. Mas lá fora parece tão perigoso de se estar. Viajo na memória para me distrair, como quem conta a história de quem nunca existiu. Passo tempo longe do relógio e do fim. Queria voar até o começo de mim. Entender como é bom nunca ter que crescer. Eu não sei mais para onde me guiar. Sinto a criança da minha alma me consolar. Os dias parecem fáceis de passar, mas aqui dentro nunca terminaram. Sinto-me sozinha há tantos anos, mesmo cercada de sorrisos que dizem me adorar. Tudo o que eu queria agora era ser compreendida.





domingo, 30 de agosto de 2009

O mundo além de mim.


Quando eu era criança gostava de observar prédios durante horas. Sentava e observava as janelas. Quem aparecia para pendurar roupas, falar ao telefone na varanda, observar o céu...
Confesso que preferia as portas e janelas fechadas. Gostava de imaginar a história por trás elas. Que tipos de pessoas moravam ali, o que gostavam de fazer em tardes de tédio.
É interessante demais o fluxo que faz as pessoas serem tão diferentes, levarem vidas tão diferentes em um lugar igual. A mente humana sempre me interessou muito, a vida sempre me pareceu um filme interessante. Desses que a gente pode ver, mas não tocar. Eu a assisto passar, analiso os variados modos de observa-la. Porém não pense você que eu não mordo a vida com vontade, mordo sim. Gosto de marcar, de ser especial para alguém. Especial de um jeito curto e bom, cheio de impacto mas fácil de ir embora, como uma lembrança em uma manhã de domingo. Nem que esse alguém apenas me assista passando pela janela do meu quarto, ou escute o som dos meus discos fluírem através dela. Gosto de me sentir presente. A força está no momento presente.
Hoje passei boa parte da manhã pensando sobre o quão egoísta muitas vezes somos ao amarmos as pessoas. Amamos quem pode nos oferecer características que apreciamos. Um bom senso de humor, sinceridade, beleza, dons e outros destes. Senti vontade de amar todas as pessoas. Das mais complexas as mais simples. Eu quero amar os extremos. Nós precisamos amar as pessoas pelo o que são e não pelo que de bom elas tem a nos oferecer. Somos vítimas de vítimas. Não escolhemos nossos pais, nem o jeito deles nos criarem, e nem nossos pais escolheram os pais deles. Gostaria de ter todo tipo de gente perto de mim, até as que todos julgam como erradas antes de observarem o próprio umbigo. Essa diversidade me encanta de um jeito incrível. O olhar humano é apaixonante, quase conseguimos ver criancinhas indefesas presas a um corpo adulto.
Eu sou uma eterna apaixonada pelos diferentes modos de viver nesse mundo místico de espaço tão curto, tão paranormal e inexplicável. Seria tão mais fácil se o amor fosse simples e comum entre os homens. Veja bem, não me refiro a posse, afeição, paixão, nada disso. Refiro-me ao amor, a real vontade de fazer alguém feliz. Outra coisa que me passou a cabeça: Afinal, que vício é esse?! que moda louca é essa de vender para o mundo que temos necessidade de sermos felizes a todo custo. A felicidade para mim é como uma festa de poucos minutos. Mas isso não significa que não possamos buscar o equilíbrio e termos paz espiritual. A felicidade está nas coisas simples da vida, no que não se vê. Mesmo assim é um tema amplo que para cada ser existente apresenta-se de um jeito diferente.
Quando cansamos de pensar e algo fica a nível consciente, chegamos a um lugar que felizmente não tem volta: A conclusão. Quantas tarefas inacabadas você tem pra concluir? No mínimo já deve ter a resposta na ponta da língua. E agora eu te pergunto: O que é você? Talvez falaria sobre suas características, sentimentos e erros. Diria que sua mãe engravidou do seu pai em uma barraca de acampamento ou sei lá onde e sobre infinitas histórias do seu passado. Tanã, aí está você. Lendo t-u-d-i-n-h-o. Você surgiu sem mais nem menos, deixará de surgir sem menos nem mais. Olha-se no espelho todas as manhãs e pensa que o que vê é o reflexo mais comum do mundo. Nós nos acostumamos com o que somos e em como o mundo funciona. Infelizmente a maioria de nós não acredita naquela famosa frase "Quer mudar o mundo? comece por você", mas ela é mais real do que pensamos. Lembra uma frase de Che Guevara que tenho paixão. "Podem arrancar uma flor, muitas flores, mas não deterão a chegada da primavera." Se cada pessoinha tivesse em mente o quão importante é se perceber no outro. Sentir a dor do outro, rir da alegria do outro... nossa! acredito que um pouco do paraíso estaria entre nós. Sabe, sem querer dar uma de bordão da Globo, experimente isso. Talvez não mude o mundo inteiro, mas as pessoas certamente terão amor por você. Nem que seja sorrindo para as pessoas na rua, dê um pouco de você. Vamos provar para nós mesmos que não somos tão egoístas.
Gente, eu juro que não estou tentando bancar o livro de auto ajuda ambulante. A mensagem aqui é simples: Aprimore-se como ser humano.
Ela já está mudando, o amor a faz mudar.
Os olhos mudavam de cor ao suspirar. A felicidade era explícita, os momentos não tinham fim. Ela se sentia frente à frente aos seus sonhos mais impossíveis. O tempo parecia pausar junto com a sua respiração. Por trás dos olhos negros, existiam sentimentos que devoravam sua capacidade de expressão. Seus mistérios se dissolviam na escuridão dos seus maiores medos. Ele sabia como a manter feliz. Já se fazia muito tempo que não surgia um sorriso confiável em seus lábios. A suave coloração pela face não a permitia um esconderijo. E quer saber? Ela não queria mais se esconder. Ela queria que o tempo não existisse. Ela só quer viver sem pausas, agora que o conhece... Quando o sol penetrava na sua pele pálida, conseguia sentir um instante de volúpia em existir. Ela tinha outro dia, dentro da sua eternidade interna. Sorrindo sem mais nem menos, ela quer amar a vida cada vez mais. E quer amar você, do jeito que você é.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Liberdade.







terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sobre meu velho vício de sonhar.


Fechar os olhos parece-me louco, denso e devastador. Penso, desejo, fujo, conspiro, corro, existo e morro num só grito. Meus sonhos precisavam de uma dose de acesso a lucidez, não é que eu não acredite na força dos meus sonhos é que a realidade sempre andou pesando muito aos meus passos incertos. Há almas que gelam perante a futura possibilidade do impossível e simplesmente sofrem por antecipação, assim, sem querer. Aprendi a ter menos medo de tudo que faço, sinto, penso, digo e sou. Cada passo é o caminho de uma nova viagem. Um dia desses li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. A nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques. Quando nascemos, ao embarcarmos nesse misterioso ambiente, que simplesmente nos leva para todos os cantos a partir do momento que abrimos os olhos ao mundo e estamos fora do ventre das nossas mães. Entre a inocência da infância e a compostura da maturidade, há uma deliciosa criatura chamada adolescer. Nasci para ser uma das incógnitas da vida. Estou sempre tentando dar sentido ao sem sentido, falando do impronunciável, sentindo o que apenas eu posso sentir. Não sou criança, não sou mulher. Não sou nada, mas sou o meu tudo. Gostaria de ler pensamentos, pra saber o que as pessoas pensam, quais suas aflições e também saber se habito seus pensamentos em alguma parte do dia, assim como habitam os meus. Quando fecho as cortinas do meu quarto alaranjado, eu escuto os meus pensamentos guiarem-me para longe de mim, apenas por um momento, sinto que alí não sou mais eu. Parece que de repente deparo-me com a menina dos meus olhos sem cor definida e desgoverno-me em delírios, sussuros, devaneios e nostalgia de um futuro bom. Como pode-se sentir saudade de um tempo que nunca nos fitou os pés?
Não saberia responder, mas quando fecho os olhos nada aplica-se a normalidade das coisas vivientes, alí eu abro os braços e crio asas. Tenho passado, presente e futuro em um só sorriso noturno. Parece que não, mas eu sei dos perigos. Lá onde o inconsciente explode sem disfarces, conspirou-me em perfeito segredo, para dar voz a minha loucura, abrindo-me traumas infantis e imagens violetas. Se um trauma tivesse uma cor, ela seria o vermelho. O vermelho estava a nível consciente, predominando todas as emoções que me parecem possíveis. A dualidade da consciência fez-me relaxar trancando meus medos em uma gaveta bem empoeirada bem longe das percepções.
O Pensamento é extremamente intrigante, só você sabe o que pensa. Não é incrível? é uma corrente tão livre que as vezes sinto-me boba de rir os meus próprios comentários. Não suporto ter uma só mente para pensar na vida, queria ser uma multidão, talvez fosse menos atordoada. Sua voz é como um carma em sí mesmo, fala, fala, fala... sem que seja preciso sair um único som. Sempre disse que quem não gosta de estar dentro de sí é porque de alguma maneira tem razão de não estar. Mesmo que em alguns momentos eu tenha vontade de fugir da mesmisse de ter que pensar demais, dentro dessa mesma mente feminina (ou talvez não tão feminina assim) eu gosto de ser a pessoa que eu me tornei. É estranho imaginar que você é um conjunto de pensamentos, nada mais. Tudo o que você é, é decorrente do modo que você pensa e do que diziam para você na infância, na formação do Ego. Sonho e pensamento não são opostos, mas sempre precisam estar juntos. Para não pensar nisso, tenho fixado-me de modo irrevogável em um sonho distante aos meus pés e íntimo ao meu coração irracional.
Chame-o de liberdade.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Os dias estão passando



Respire, viva, sonhe, mude, transforme, seja, escreva, tenha filhos, dance, corte o cabelo, troque de roupa, tome sorvete, compre perfumes, pule na cama, cante no banho, vá para onde tem vontade de ir, faça planos e os desfaça sem medo, provoque uma gargalhada, pise na areia fria, observe uma tempestade, conte estrelas, tenha um número favorito, ame os outros, faça o bem, sorria, seja intensamente feliz.

Aguarde um momomento, faça silêncio somente nesse instante. Olhe para o céu, sinta o vento passar entre seus poros e movimentar suavemente os seus fios de cabelo.
Toque a sua pele, sinta que você é real.
Você sente medo, frio, nostalgia, fome, dor, felicidade, agonia, saudade, tédio e todos os sentimentos que nos foram destinados. Você tem paladar, sente o gosto amargo da vida com os olhos, as vezes o gostinho doce de um sorriso de criança, muitas vezes o ácido do medo da morte. Somos todos frutos de um motivo que não nos revela ao olharmos no espelho.

Os anos estão passando cada vez mais rápido, é possível que consigamos lembrar de três natais como se estivessem passado por nós como o ontem. Andamos pelas ruas, observamos rostos gastos, vemos nossos documentos desbotarem, fios brancos, rugas, fotografias que nos atiram em uma pergunta constante: "O que estou fazendo aqui?" Respire fundo, escute a sua respiração. Agora pense um pouco sobre a sua existência.
Já olhou por alguns minutos o olhar de um bebê e a expressão final de alguém que já se foi?
Nossos dias são histórias que são diluidas pelo tempo. Marque, seja diferente. Nascemos completamente diferentes, sem língua, roupas, problemas, estereótipos e regras. Como morremos?
Iguais aos todos os outros. Não sei suportar a normalidade, nem a languidez da vida medíocre.
Não é possível que tantos de nós não percebamos que algo de muito paranormal nos rodeia. Que a vida é um mistério nú e frio, mas que as vezes apresenta grandes respostas a quem a questiona.

Por que a temperatura do vento?

Por que o cheiro das flores?

Por que o céu azul?

Por que o sabor das frutas?

Por que a cor dos pássaros?

Por que o barulho do mar?

Por que o brilho nos olhos dos cachorros?

Por que o nado bonitinhos dos peixes?

Porque os bebês formam-se dentro de ventres?

Porque o barulho do coração?


Alguma existência superior gosta de ver o nosso sorriso.
Possuímos almas tão duais, que mal sabemos o quanto somos especiais por algum motivo que não nos é revelado. Arrisque e conheça o desenhista e autor da vida, das pessoas que amamos, aquele que muitas vezes deixamos de lado e apenas apreciamos as obras, como quem troca os conteúdos dos livros por capas bonitas e chamativas. Ele poderia ter desenhado o mundo sem graça e cinza, mas não, fez tudo para te surpreender ao sair do silêncio de um útero materno. Poucos de nós são absortos, soltos, loucos, sem rédeas.
Sou uma alma atormentada que teme ao comum. Pessoas nascem e morrem sem nos deixar sinal de porquê. Nossas digitais são únicas, somos todos iguais e ao mesmo tempo completamente diferentes de tudo, só mudamos de corpo, de espaço, de história, de herança. Já parou para pensar que quantidade não é nada perto da qualidade quando nos referimos aos sentimentos? Casamos com apenas uma pessoa. Milhões de pessoas morrem por dia, mas quantas realmente fazem falta? nos tiram o apetite, a vontade, a alma, os dias?
Isso faz-me lembrar esse surto que a mídia tem quando um ídolo morre e a indiferença que tratam as notícias diárias sobre milhares de pessoas que morrem por doenças graves e injustiças.
E se você morresse hoje, teria realmente sido a pessoa que gostaria de ter sido?
Reinvente-se, acorde mais cedo e assista o nascer do sol , faça caminhos diferentes, altere o cardápio do café da manhã , emocione-se, diga para as pessoas que ama o quanto são especiais, deixe bilhetes apaixonados pela casa, escute música alta, faça uma tatuagem, por um só dia seja como nasceu, diferente, único, singular.





Surpreenda a si mesmo.